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Biofilme nos implantes ortopédicos

Atualizado: 12 de set.

O biofilme nos implantes ortopédicos em cães é uma das principais causas de infecção persistente e falha terapêutica após cirurgias ortopédicas.


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Trata-se de uma estrutura altamente organizada e resistente formada por bactérias aderidas à superfície do implante e envoltas por uma matriz extracelular autossintetizada. Essa matriz, composta por polissacarídeos, proteínas e DNA extracelular, cria um ambiente protetor que dificulta a ação de antibióticos e a resposta imune do hospedeiro, tornando a infecção crônica e de difícil erradicação.


A formação do biofilme se inicia com a adesão bacteriana à superfície do implante, geralmente de aço inoxidável, titânio ou outros materiais inertes.


Em cirurgias ortopédicas, mesmo com técnica asséptica rigorosa, é possível que haja contaminação bacteriana mínima durante o ato cirúrgico ou no pós-operatório imediato, especialmente em fraturas expostas, longas cirurgias ou em animais imunossuprimidos. Essa contaminação inicial pode evoluir para a formação de biofilme em poucas horas.


As bactérias mais frequentemente envolvidas na formação de biofilmes em ortopedia veterinária são Staphylococcus pseudintermedius, Staphylococcus aureus, Staphylococcus epidermidis, além de gram-negativos como Pseudomonas aeruginosa.


Uma vez instalado, o biofilme altera significativamente o comportamento da colônia bacteriana. As bactérias passam a exibir um metabolismo reduzido, diminuindo a eficácia de antibióticos que dependem da multiplicação celular para agir, como as β-lactâmicas.


Clinicamente, as infecções associadas a biofilme geralmente se manifestam como infecções de início tardio, com exsudato persistente, fístulas, deiscência da ferida ou claudicação contínua, mesmo após o que seria esperado de um pós-operatório normal.


Muitas vezes, os exames laboratoriais não mostram sinais inflamatórios sistêmicos evidentes, e os cultivos bacterianos podem ser negativos, já que o biofilme dificulta a liberação de bactérias para o meio.


O tratamento das infecções associadas ao biofilme é desafiador. Antibioticoterapia isolada raramente é eficaz.


Em muitos casos, é necessário remover o implante contaminado, realizar ampla debridagem cirúrgica e instaurar antibioticoterapia baseada em cultura e antibiograma, frequentemente por períodos prolongados (6 a 8 semanas ou mais).


Em alguns casos, pode-se substituir o implante por outro sistema, como um fixador externo, que permite estabilidade mecânica e melhor acesso ao foco infectado.


Medidas preventivas são cruciais para reduzir a ocorrência de infecções por biofilme. Isso inclui técnica asséptica rigorosa, preparo adequado do paciente e da equipe, profilaxia antibiótica apropriada (geralmente com cefalosporinas de 1ª geração) e tempo cirúrgico reduzido sempre que possível.


Além disso, o desenvolvimento de implantes com superfícies tratadas ou recobertas com substâncias antibacterianas é uma área de pesquisa promissora tanto na medicina veterinária quanto na humana.


Do ponto de vista prognóstico, uma infecção por biofilme não significa necessariamente perda funcional, mas pode exigir múltiplas intervenções, prolongar a recuperação e aumentar os custos e o desgaste físico e emocional dos tutores.


A identificação precoce e o manejo agressivo são essenciais para preservar o sucesso da osteossíntese e a integridade do membro.

Referências bibliográficas:

Gortel, K., & Hawkins, J. K. (2013). Biofilms in veterinary medicine: A review of current knowledge. Veterinary Dermatology, 24(5), 502-e119.


Boothe, D. M. (2015). Antimicrobial use in orthopedic and soft tissue surgery. In Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, 45(2), 221–238.


Sobre o autor


Dr. Felipe Garofallo, veterinário ortopedista, especializado no diagnóstico e tratamento de problemas articulares e musculoesqueléticos em cães

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.


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