Bandagem de Ehmer em cães
- Felipe Garofallo

- 19 de jul.
- 3 min de leitura
Atualizado: 12 de set.
A bandagem de Ehmer é uma técnica de imobilização amplamente utilizada na medicina veterinária com o objetivo de manter o membro pélvico (posterior) em posição específica, geralmente após a redução de luxações da articulação coxofemoral.

A técnica foi originalmente descrita na medicina humana, mas encontrou importante aplicação em cães devido à sua eficácia em manter o fêmur devidamente posicionado dentro do acetábulo após episódios de luxação.
Em cães, a indicação mais comum da bandagem de Ehmer é após a redução de uma luxação craniodorsal do quadril, a forma mais frequente de luxação coxofemoral em pequenos animais.
Nesses casos, a bandagem atua promovendo a rotação interna, flexão e abdução do membro pélvico, o que favorece o posicionamento correto da cabeça femoral dentro do acetábulo.
Além de luxações, a bandagem também pode ser utilizada como método de restrição de movimento no pós-operatório de procedimentos envolvendo a articulação do quadril, desde que não haja contraindicações ortopédicas para sua aplicação.
A aplicação da bandagem de Ehmer exige cuidado técnico e conhecimento anatômico. O membro pélvico afetado é posicionado de maneira a promover a rotação e flexão desejadas, e então a bandagem é aplicada de forma envolvente, passando pelo membro, região inguinal e abdômen do animal.
O enfaixamento deve ser firme o suficiente para manter a posição sem causar compressão excessiva ou restrição do fluxo sanguíneo. O uso incorreto pode resultar em edema distal, escoriações, comprometimento vascular ou até falha na contenção da luxação.
É fundamental que a bandagem seja monitorada com frequência e que o animal seja mantido em repouso durante o período de imobilização.
O tutor deve ser orientado a verificar diariamente a extremidade distal do membro enfaixado, observando qualquer sinal de inchaço, dor, coloração anormal ou tentativa do animal de remover a bandagem.
A troca deve ser realizada sempre que houver sinais de deslocamento da bandagem ou problemas com a pele, o que pode ocorrer a cada poucos dias, dependendo do paciente e das condições ambientais.
Embora seja uma técnica relativamente simples, a bandagem de Ehmer não é isenta de riscos. Em cães muito ativos ou agitados, há risco de remoção da bandagem por lambedura ou movimentação excessiva.
Em alguns casos, pode ser necessário o uso de colar elisabetano ou até sedação leve para garantir a permanência da imobilização.
Também é importante lembrar que a bandagem não é indicada em todas as situações. Em casos de fraturas concomitantes, osteoartrite severa ou quando a luxação não foi devidamente reduzida, outras abordagens podem ser mais apropriadas.
A duração do uso da bandagem de Ehmer varia conforme o caso clínico, mas geralmente é mantida por 7 a 14 dias após a redução da luxação, com posterior reavaliação radiográfica para confirmar a manutenção da cabeça femoral no acetábulo.
O retorno à movimentação deve ser gradual, podendo ser acompanhado por fisioterapia para recuperação da força e mobilidade do membro afetado.
A bandagem de Ehmer é uma ferramenta valiosa no arsenal terapêutico da ortopedia veterinária. Quando corretamente indicada e monitorada, ela contribui de forma significativa para a estabilização do quadril e para a recuperação de cães acometidos por luxações coxofemorais.
Referências:
Brinker, W.O., Piermattei, D.L., Flo, G.L. Handbook of Small Animal Orthopedics and Fracture Repair. 4ª edição. Saunders, 2006.
Fossum, T.W. Cirurgia de Pequenos Animais. 5ª edição. Elsevier, 2019.
Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.