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Artrodese tibiotarsica em cães

Atualizado: 12 de set.

A artrodese tibiotársica em cães é um procedimento cirúrgico de salvamento indicado quando a articulação do tornozelo (tibiotársica) apresenta lesões irreversíveis, gerando dor intensa, instabilidade e perda funcional que não podem ser corrigidas por tratamentos conservadores ou cirurgias de preservação articular.


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Essa técnica consiste na fusão permanente entre a tíbia e o tarso, eliminando completamente o movimento articular para restaurar a estabilidade e permitir o apoio do membro sem dor.


As indicações mais comuns incluem fraturas articulares cominutivas não passíveis de reconstrução anatômica, luxações crônicas ou instáveis, artrite séptica com destruição das superfícies articulares, osteoartrite avançada refratária ao manejo clínico, lesões graves do tendão calcâneo comum (tendão de Aquiles) que resultem em hiperextensão irreversível do tornozelo, sequelas de lesões neurológicas e tumores ósseos ou de partes moles que envolvam a articulação.


O objetivo da cirurgia é posicionar o membro em um ângulo funcional que permita marcha adequada, mesmo sem movimento do jarrete. O ângulo de fusão mais utilizado é de aproximadamente 135 a 145 graus de extensão, imitando a posição fisiológica durante a fase de apoio.


O procedimento envolve a remoção completa da cartilagem articular da tíbia distal, tálus e, se necessário, das demais articulações intertársicas proximais, seguida do posicionamento correto do membro e da estabilização rígida, geralmente com placa de compressão ou fixador externo.


A utilização de enxertos ósseos autólogos, alógenos ou substitutos sintéticos é essencial para estimular a consolidação óssea.


O período pós-operatório requer restrição de atividade e suporte adequado do membro até que a fusão esteja radiograficamente consolidada, o que pode levar de 8 a 12 semanas ou mais.


A fisioterapia é indicada para manter a força muscular e prevenir sobrecarga nas articulações adjacentes, especialmente no quadril, joelho e dedos.


As complicações potenciais incluem não união óssea, falha de implantes, infecção, posicionamento incorreto do ângulo de fusão e desenvolvimento de sobrecarga nas articulações proximais e distais.


A seleção adequada do paciente, um planejamento cirúrgico preciso e a execução técnica cuidadosa são determinantes para o sucesso do procedimento.


Apesar de ser um método irreversível, a artrodese tibiotársica, quando bem indicada e corretamente realizada, proporciona ao cão alívio significativo da dor, restauração da estabilidade e retorno a uma qualidade de vida satisfatória, permitindo que o animal volte a realizar suas atividades básicas com relativa normalidade.


Referências


Piermattei DL, Flo GL, DeCamp CE. Brinker, Piermattei, and Flo’s Handbook of Small Animal Orthopedics and Fracture Repair. 5th ed. Elsevier; 2016.


Johnson AL, Houlton JEF, Vannini R. AO Principles of Fracture Management in the Dog and Cat. 2nd ed. Thieme; 2018.


Sobre o autor


Dr. Felipe Garofallo, veterinário ortopedista, especializado no diagnóstico e tratamento de problemas articulares e musculoesqueléticos em cães

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.


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