Anquilose articular em cães
- Felipe Garofallo
- 22 de jul.
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Atualizado: 12 de set.
A anquilose articular em cães é uma condição em que ocorre a perda parcial ou total da mobilidade de uma articulação, geralmente em decorrência de processos inflamatórios, traumáticos ou degenerativos que levam à fusão óssea ou fibrosa entre os componentes articulares.
Essa fusão impede o movimento normal da articulação afetada, comprometendo significativamente a qualidade de vida do animal. A anquilose pode ser classificada como verdadeira, quando há união óssea entre os ossos articulares, ou falsa, quando a imobilidade ocorre por fibrose intensa nos tecidos periarticulares, sem fusão óssea propriamente dita.
Entre as principais causas de anquilose articular em cães estão os processos inflamatórios crônicos, como artrites sépticas ou imunomediadas mal tratadas ou negligenciadas, que resultam em destruição progressiva da cartilagem articular e subsequente substituição por tecido fibroso ou ósseo.
Infecções bacterianas articulares, por exemplo, podem desencadear respostas inflamatórias intensas que, se não forem controladas precocemente, promovem a degeneração das estruturas articulares e a formação de pontes ósseas entre as superfícies articulares, culminando na anquilose.
Traumas articulares também são uma causa frequente. Fraturas que envolvem a superfície articular, luxações não reduzidas ou tratadas de forma inadequada e lesões ligamentares graves podem desencadear reações reparativas que, em alguns casos, resultam na formação de tecido fibroso ou ósseo no interior da articulação, limitando ou eliminando completamente sua mobilidade.
Além disso, a imobilização prolongada da articulação após cirurgias ortopédicas, especialmente sem fisioterapia adequada, pode favorecer o desenvolvimento de fibrose e a consequente perda de mobilidade articular.
Doenças degenerativas crônicas, como a osteoartrite avançada, também podem levar à anquilose, principalmente quando há remodelação óssea significativa e formação de osteófitos em torno da articulação.
Nesses casos, o processo é geralmente lento e progressivo, acompanhando a evolução da doença articular, até que a perda funcional da articulação seja completa. Certas condições congênitas ou adquiridas, como displasias articulares severas ou artrogripose, também podem predispor à anquilose precoce, especialmente em articulações como quadril, cotovelo ou joelho.
O diagnóstico da anquilose articular é feito por meio do exame físico, onde se observa a limitação de movimento da articulação afetada, e por exames de imagem, como radiografias e tomografias, que revelam a presença de fusão óssea, calcificações periarticulares ou alterações graves na arquitetura articular.
O tratamento depende da causa e da gravidade do quadro. Em alguns casos, especialmente quando há dor intensa ou prejuízo funcional significativo, pode-se indicar a artroplastia ou, mais frequentemente, a colocefalectomia ou artrodese, dependendo da articulação envolvida.
A prevenção da anquilose articular envolve o tratamento precoce de infecções articulares, manejo adequado de traumas, reabilitação física após procedimentos cirúrgicos e controle de doenças degenerativas.
O acompanhamento veterinário cuidadoso é essencial para evitar que condições potencialmente reversíveis evoluam para um quadro irreversível de anquilose.
Referências bibliográficas:
THRALL, M.A. Veterinary Hematology and Clinical Chemistry. 2nd ed. Wiley-Blackwell, 2012.
PIERMATTEI, D.L.; FLO, G.L.; DE CAMP, C.E. Brinker, Piermattei and Flo's Handbook of Small Animal Orthopedics and Fracture Repair. 4th ed. Elsevier Saunders, 2006.
Sobre o autor
Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.