Alopurinol para cães: como age e cuidados no uso
- Felipe Garofallo

- 20 de jul.
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Atualizado: 12 de set.
O alopurinol é um medicamento amplamente utilizado na medicina veterinária no tratamento da leishmaniose visceral canina (LVC), uma doença infecciosa crônica transmitida pelo mosquito-palha.

Embora tenha sido desenvolvido originalmente para tratar hiperuricemia e gota em humanos, o alopurinol passou a fazer parte do protocolo terapêutico da LVC por interferir no metabolismo do parasita, atuando de forma supressiva.
Nos cães, o alopurinol age como um análogo estrutural das purinas, interferindo na síntese de DNA e RNA do parasita, o que compromete sua multiplicação e reduz a carga parasitária.
No entanto, o alopurinol não elimina completamente o agente causador da doença; sua função principal é controlar os sinais clínicos e impedir a progressão da leishmaniose, sendo geralmente usado em associação com outros fármacos, como a miltefosina ou o antimoniato de meglumina.
Seu uso é especialmente indicado em protocolos de tratamento prolongado, já que promove melhora clínica e hematológica significativa em muitos casos.
Contudo, o uso contínuo do alopurinol pode levar ao acúmulo de xantina, predispondo o paciente à formação de cálculos urinários (urolitíase por xantina), especialmente em cães tratados por longos períodos. Por isso, o acompanhamento com exames de urina e imagem abdominal é fundamental durante o tratamento, além de ajustes na dieta e incentivo à ingestão hídrica.
A posologia mais comum gira em torno de 10 a 20 mg/kg a cada 12 horas, mas deve sempre ser ajustada conforme o estágio clínico da leishmaniose, o porte do animal e a presença de comorbidades. O tratamento é geralmente prolongado por vários meses, com monitoramento clínico e laboratorial periódico.
O alopurinol é, portanto, um medicamento de base na terapia de manutenção da LVC, sendo bem tolerado na maioria dos cães. Seu uso racional, associado a outros fármacos e práticas de controle do vetor (uso de repelentes, telas e coleiras impregnadas), pode proporcionar qualidade de vida mesmo em casos crônicos ou recidivantes.
Referências bibliográficas:
Paltrinieri, S., et al. (2016). Guidelines for treatment of leishmaniasis in dogs. Journal of the American Veterinary Medical Association.
Plumb, D.C. (2018). Plumb’s Veterinary Drug Handbook. 9th ed. Wiley-Blackwell.
Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.