Uso da água oxigenada em feridas de cães e gatos
- Felipe Garofallo
- 13 de mar. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 12 de out.
Hoje, vamos abordar um tema importante que muitos tutores enfrentam quando se trata de cuidar das feridas de seus cães e gatos: usar ou não a água oxigenada.
A água oxigenada é conhecida por suas propriedades antissépticas e, por isso, é frequentemente encontrada em kits de primeiros socorros. No entanto, quando se trata de feridas em pets, principalmente em pós-cirúrgico, devemos aplicá-la com cautela.
Embora a água oxigenada possa ser útil na limpeza inicial, evite usá-la repetidamente. O excesso de aplicação pode retardar a cicatrização e causar irritações. Considere alternativas mais suaves para a manutenção regular da higiene da ferida, como o soro fisiológico, principalmente ao cuidar dos pontos do seu cão ou gato.
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Voltando ao nosso tópico, a água oxigenada (peróxido de hidrogênio) é frequentemente utilizada em feridas devido às suas propriedades antissépticas e para o debridamento da ferida. Seu papel na cicatrização é principalmente associado à capacidade de ajudar na limpeza inicial da ferida, removendo sujidades, detritos e bactérias que podem estar presentes no local da lesão.
É importante destacar que a água oxigenada pode ter um efeito de limpeza na ferida, ajudando a remover detritos e tecido morto. Se a ferida contiver crostas, exsudato ou outras substâncias que precisam ser removidas para favorecer a cicatrização, a água oxigenada pode ser usada para auxiliar nesse processo.
No entanto, é fundamental seguir as orientações do profissional de saúde, pois o uso excessivo de água oxigenada pode ter efeitos adversos, incluindo irritação dos tecidos e atraso na cicatrização da ferida.
Um dos principais motivos pelos quais a água oxigenada pode atrasar a cicatrização está relacionado à sua natureza oxidante. Ao entrar em contato com a ferida, a água oxigenada libera oxigênio ativo, causando a oxidação não apenas de micro-organismos, mas também de células saudáveis no local. Esse processo de oxidação pode resultar em danos nos tecidos, prejudicando a regeneração celular.
Além disso, a água oxigenada, em concentrações elevadas, tem o potencial de causar a morte celular, incluindo fibroblastos. Os fibroblastos desempenham um papel crucial na formação de tecido cicatricial, e sua morte pode comprometer a capacidade do organismo de reparar a ferida de maneira eficaz.
Outro fator é a possível interferência da água oxigenada na formação adequada de colágeno, uma proteína vital para a integridade e resistência do tecido cicatricial. Além disso, essa substância pode inibir a atividade de enzimas essenciais no processo de cicatrização.
O uso frequente ou prolongado de água oxigenada pode resultar em irritação dos tecidos ao redor da ferida, exacerbando a inflamação e dificultando o processo de cicatrização.
Diante desses potenciais efeitos adversos, é crucial utilizar a água oxigenada com moderação e preferir alternativas mais suaves, quando possível. A escolha da abordagem de limpeza de feridas deve ser orientada pelo seu médico-veterinário, considerando a individualidade de cada caso para garantir uma cicatrização eficaz e minimizar possíveis complicações.
Referências bibliográficas
Gouletsou, Pagona & Zacharopoulou, Theodora & Skampardonis, Vasilis & Georgiou, Stefanos & Doukas, Dimitrios & Galatos, Apostolos & Flouraki, Eugenia & Dermisiadou, Eleftheria & Margeti, Chryssoula & Barbagianni, Mariana & Sideri, Aikaterini & Tsioli, Vassiliki. (2024). First-Intention Incisional Wound Healing in Dogs and Cats: A Controlled Trial of Dermapliq and Manuka Honey. Veterinary Sciences. 11. 64. 10.3390/vetsci11020064.
Sobre o autor
Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.