Acetábulo em cães: O que significa esse termo?
- Felipe Garofallo

- 18 de jul.
- 3 min de leitura
Atualizado: 12 de set.
Se você recebeu um laudo de raio-X ou ouviu o veterinário mencionar o termo “acetábulo”, é normal surgir aquela dúvida. Afinal, esse não é um nome que costuma aparecer no nosso dia a dia. Mas entender o que ele significa pode fazer toda a diferença quando o assunto é a saúde ortopédica do seu cão.

O acetábulo é uma cavidade localizada na pelve, em cada lado do quadril. Ele forma uma espécie de “meia-lua” onde a cabeça do fêmur — o osso da coxa — se encaixa perfeitamente. Juntos, acetábulo e cabeça do fêmur formam o que chamamos de articulação coxofemoral, ou simplesmente a articulação do quadril.
Você pode imaginar o acetábulo como uma taça e a cabeça do fêmur como uma bola que gira dentro dela. Esse encaixe precisa ser firme e profundo para garantir que o cão consiga se movimentar com estabilidade, conforto e sem dor. Sempre que ele caminha, corre, pula ou sobe escadas, é essa articulação que está trabalhando para dar sustentação e liberdade de movimento.
Além de permitir esse encaixe, o acetábulo tem funções muito importantes: ele ajuda a manter o fêmur no lugar, permite o movimento adequado das pernas traseiras, distribui o impacto da marcha e reduz o atrito entre os ossos graças à presença de cartilagem e líquido articular.
Quando tudo está em harmonia, o quadril funciona bem e o cão tem uma vida ativa, sem limitações.
No entanto, alguns problemas ortopédicos podem afetar essa estrutura. Um deles é a displasia coxofemoral, uma condição comum em raças como Labrador, Golden Retriever, Pastor Alemão e Rottweiler.
Nesse caso, o acetábulo pode ser mais raso do que o normal, o que facilita o deslocamento da cabeça do fêmur e compromete a estabilidade da articulação. Outra alteração frequente é o chamado arrasamento acetabular, termo que aparece em muitos laudos e indica que essa cavidade está achatada, deformada ou perdeu sua profundidade original.
Traumas e impactos também podem danificar o acetábulo, favorecendo luxações — quando a cabeça do fêmur sai do lugar. E, com o tempo, o desgaste natural da articulação pode levar à artrose, com formação de bicos de osso (osteófitos), inflamação e perda de mobilidade.
Os sinais de que algo está errado nem sempre aparecem de uma vez.
O cão pode começar a mancar, demonstrar dificuldade para se levantar ou subir escadas, sentir dor ao ser tocado na região do quadril ou perder massa muscular nas patas traseiras. Às vezes, o tutor percebe uma mudança no jeito de andar, com passos mais curtos, rebolado ou relutância em correr e brincar como antes.
Ao notar qualquer um desses comportamentos, é essencial procurar um ortopedista veterinário. Com exames adequados e uma avaliação completa, é possível identificar se há alterações no acetábulo e definir o melhor caminho.
O tratamento pode variar de acordo com a gravidade do caso. Em quadros mais leves, o controle de peso, uso de analgésicos, condroprotetores e fisioterapia já trazem bons resultados. Em situações mais avançadas, o veterinário pode recomendar cirurgias como a colocefalectomia ou, quando indicado, a colocação de uma prótese total de quadril.
O mais importante é saber que a maioria dos cães com alterações no acetábulo pode voltar a ter qualidade de vida com o tratamento certo. Dor e limitação não precisam fazer parte da rotina do seu pet.
Se você encontrou esse termo no exame de imagem do seu cão, não se assuste. Ele é apenas um sinal de que o quadril merece atenção. Com o acompanhamento adequado, é possível devolver conforto, mobilidade e bem-estar ao seu melhor pet.
Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.