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Abscesso em cães: como identificar, tratar e evitar complicações

Atualizado: 12 de set.

O abscesso em cães é uma condição relativamente comum e ocorre quando há o acúmulo de pus em uma cavidade formada por uma infecção localizada.


Esse pus é composto por células de defesa, bactérias mortas e tecido necrosado, resultado de uma intensa resposta inflamatória do organismo frente a uma invasão bacteriana.


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Na prática clínica, os abscessos podem surgir em diferentes regiões do corpo, sendo mais frequentes sob a pele, em áreas de mordidas, arranhões, injeções mal aplicadas, ou até mesmo ao redor de corpos estranhos, como farpas ou espinhos que penetraram a pele e não foram eliminados.


Geralmente, o tutor percebe um inchaço repentino, quente, dolorido e, muitas vezes, com coloração avermelhada na pele do animal. Quando o abscesso se rompe, há a liberação de um líquido espesso, amarelado ou esverdeado, com odor fétido característico.


Em outros casos, o abscesso permanece fechado, o que aumenta a pressão local e causa desconforto progressivo ao animal.


É importante observar que, embora muitos abscessos sejam superficiais e visíveis, também é possível que ocorra formação de abscesso internamente, como em órgãos, glândulas ou espaços anatômicos profundos, exigindo investigação complementar com exames de imagem, como ultrassonografia ou tomografia computadorizada.


A principal causa de abscessos em cães é a introdução de bactérias no tecido subcutâneo, sendo os agentes mais comuns Staphylococcus spp., Streptococcus spp., e bactérias anaeróbias como Clostridium spp.


Quando a pele é rompida ou agredida, mesmo que de forma aparentemente leve, há uma porta de entrada para esses microrganismos. Uma mordida de outro cão, por exemplo, pode não parecer grave externamente, mas inocular bactérias profundas o suficiente para causar um abscesso dias depois.


O tratamento vai depender da extensão, localização e estado geral do paciente. Em casos mais simples, a drenagem cirúrgica do pus associada à limpeza e desinfecção do local costuma ser suficiente.


A administração de antibióticos sistêmicos é recomendada, especialmente quando há febre, aumento de volume considerável ou sinais de disseminação da infecção.


Em situações mais complexas, como abscessos que envolvem tecidos profundos, músculos ou estruturas próximas a órgãos vitais, pode ser necessário realizar cirurgia mais extensa, com remoção de tecido necrosado e instalação de drenos para facilitar a eliminação do conteúdo infeccioso.


É importante ressaltar que o uso de antibióticos sem prescrição e sem drenagem adequada geralmente não resolve o problema e pode até piorar o quadro.


O pus encapsulado cria um ambiente pobre em oxigênio e dificulta a penetração eficaz da medicação. Além disso, o uso inadequado de antibióticos favorece o surgimento de resistência bacteriana. Por isso, é fundamental que o cão com suspeita de abscesso seja avaliado por um médico-veterinário o quanto antes.


Após o tratamento, o acompanhamento clínico é essencial para garantir que a infecção tenha sido completamente controlada e que o processo de cicatrização esteja ocorrendo de forma adequada.


Também é papel do veterinário orientar o tutor sobre os cuidados locais, como higienização da ferida, administração correta da medicação prescrita e restrição de lambedura ou arranhadura na região afetada. Em muitos casos, o uso de colar elisabetano é necessário para evitar que o animal interfira no processo de cicatrização.


Em resumo, o abscesso é uma infecção local que pode parecer simples, mas que exige atenção, diagnóstico e tratamento adequados para evitar complicações maiores. O sucesso terapêutico depende da intervenção precoce e da condução clínica correta, garantindo o bem-estar e a recuperação plena do animal.


Referências bibliográficas:


Ettinger, S. J., & Feldman, E. C. (2017). Textbook of Veterinary Internal Medicine. Elsevier Health Sciences.


Tilley, L. P., & Smith, F. W. K. (2015). Blackwell's Five-Minute Veterinary Consult: Canine and Feline. Wiley-Blackwell.


Sobre o autor


Dr. Felipe Garofallo, veterinário ortopedista, especializado no diagnóstico e tratamento de problemas articulares e musculoesqueléticos em cães

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.


Horário: Segunda à sexta, 09h às 18h. Sábados 10:00 às 14:00
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