5 sinais de dor ortopédica em cães que você não deve ignorar
- Felipe Garofallo
- 30 de mai.
- 3 min de leitura
Atualizado: 25 de jul.
Como veterinários especializados em ortopedia veterinária, uma das queixas mais comuns que recebemos no consultório é: “Doutor, ele não está mais como antes, parece que sente dor”. Essa frase geralmente precede diagnósticos importantes e, muitas vezes, crônicos. A ortopedia veterinária tem um papel fundamental na qualidade de vida dos cães, especialmente porque muitos deles sofrem em silêncio.

Identificar precocemente os sinais de dor ou disfunção ortopédica pode evitar agravamentos, cirurgias complexas e sofrimento prolongado.
A seguir, explico com mais profundidade cinco sinais claros de que seu cão pode estar precisando de avaliação ortopédica.
1. Claudicação ou mancar de forma intermitente ou contínua
Esse é o sinal mais clássico — e mais ignorado. O tutor frequentemente relata que o cão está “manqueando um pouquinho”, mas como o quadro vai e volta, acaba sendo negligenciado. A claudicação pode ter inúmeras causas: desde rupturas ligamentares, como o ligamento cruzado cranial, até displasias coxofemorais, luxações de patela, doenças articulares degenerativas e fraturas.
Mesmo quando a claudicação é leve ou esporádica, ela indica dor, inflamação ou instabilidade. Um cão jamais manca “por costume” — se ele está evitando apoiar um membro ou alterando o padrão de marcha, é porque sente desconforto.
2. Dificuldade para se levantar, deitar ou subir em móveis
Cães com dor articular ou muscular sentem mais dificuldade para realizar movimentos que exigem força, estabilidade ou flexibilidade. Muitos tutores notam que o cão evita subir no sofá, descer escadas, ou demora mais para se levantar após longos períodos de descanso.
Isso é especialmente comum em cães com artrose, displasias ou doenças de coluna, como a estenose lombossacral. Esses sinais podem surgir aos poucos e serem confundidos com “envelhecimento natural”, mas o envelhecer não deve ser sinônimo de dor.
3. Mudanças no comportamento ou isolamento social
A dor crônica, mesmo quando leve, altera o estado emocional dos cães. Muitos passam a evitar brincadeiras, ficam mais quietos, buscam isolamento ou demonstram irritação ao serem tocados em determinadas regiões do corpo.
Essas alterações comportamentais são formas indiretas de demonstrar que algo não está bem. Em cães mais sensíveis, é comum também haver tremores, inquietação noturna ou até perda de apetite. Tudo isso deve acender um alerta para causas ortopédicas — principalmente em raças predispostas.
4. Postura anormal ou curvatura do dorso
Alguns cães começam a caminhar com o dorso arqueado, a coluna rígida ou até “sentando torto”. Essas posturas compensatórias costumam estar associadas à dor nas articulações sacroilíacas, quadris, joelhos ou coluna vertebral. Também podem ser sinais de compressão nervosa em casos de hérnia de disco ou espondilopatia.
Observar a silhueta do cão de perfil pode ajudar a notar mudanças sutis, como a inclinação de um dos membros, rotação dos quadris, ou arqueamento lombar. Esses ajustes são respostas do corpo à dor — e raramente acontecem por acaso.
5. Diminuição de massa muscular em membros específicos
A atrofia muscular localizada é um sinal tardio, mas bastante evidente de que há um problema ortopédico ou neurológico. O músculo se atrofia quando deixa de ser usado por dor, fraqueza ou comprometimento nervoso.
Se você nota que uma das patas traseiras está mais fina do que a outra, ou que o cão está perdendo força para saltar, correr ou apoiar, é hora de investigar com um ortopedista. Em muitos casos, essa perda muscular é reversível com tratamento adequado, incluindo fisioterapia e fortalecimento.
Quando procurar um ortopedista veterinário
A ortopedia não é uma especialidade exclusiva para grandes cirurgias. Pelo contrário, a maior parte dos atendimentos é clínica: avaliação da marcha, testes ortopédicos, controle da dor e prescrição de condutas conservadoras. Quanto mais cedo o diagnóstico, melhores as chances de reabilitação com menor impacto físico, emocional e financeiro para o tutor e para o animal.
Se o seu cão apresenta um ou mais desses sinais, não espere agravar. Um exame clínico ortopédico especializado pode evitar complicações futuras, devolver a qualidade de vida do seu pet e trazer tranquilidade para toda a família.
E o seu cão, já passou por algo assim?
Sim! Está apresentando um desses sinais :(
Não! Ainda bem :)
Referências bibliográficas:
Johnston, S. A., & Tobias, K. M. (2017). Veterinary Surgery: Small Animal. Elsevier Health Sciences.
Fossum, T. W. (2018). Small Animal Surgery. Elsevier.
Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.