Necrose asséptica da cabeça do fêmur em cães
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Necrose asséptica da cabeça do fêmur em cães

Atualizado: 4 de abr.

A necrose asséptica da cabeça do fêmur em cães consiste em um tipo de degeneração espontânea que ocorre na cabeça e colo femoral em cães ainda jovens.


Essa doença pode prejudicar a qualidade de vida do cão caso não seja diagnosticada e tratada corretamente, uma vez que, ela irá causar dor, desconforto e claudicação.


Também conhecida como osteocondrite juvenil, necrose avascular da cabeça do fêmur ou doença de Legg-Calvé-Perthes, a necrose asséptica é uma necrose (morte celular) que ocorre na cabeça e no pescoço do fêmur em cães pequenos entre os 3 e 13 meses de idade, podendo ocorrer em apenas um dos membros pélvicos do cão (apresentação mais comum), ou em ambos.



A principal causa relatada é pela falta de suprimento sanguíneo da artéria circunflexa cranial, responsável por irrigar a região da cabeça e do colo femoral.


Essa falta de suprimento sanguíneo pela artéria ainda hoje não é completamente bem explicada, entretanto, há estudos que indicam que há influência de fatores hormonais, hereditários, de conformação anatômica, e de pressão dentro da cápsula articular.


Apesar da falta de conhecimento sobre a origem da doença, o paciente tem altas chances de retornar a uma vida saudável após o tratamento.


O fêmur é um osso que tem como função grande parte da a sustentação do peso do cão, sendo essa região de extrema importância para que ele consiga se locomover corretamente. A cabeça do fêmur se articula diretamente com o quadril, na região do acetábulo, formando a articulação coxofemoral.


Os cães mais acometidos são os de pequeno porte. Entre as raças estão: lhasa apso, shih-tzu, pinscher, poodle, pug, maltês e yorkshire. Entretanto, cães maiores como os American Bully também podem apresentar a doença.


Caso o animal não seja tratado, os danos podem ser graves resultando em condições degenerativas, e até mesmo a perda da função do membro, uma vez que o avanço da doença é rápido.


O principal sinal clínico observado inicialmente é o ato de claudicar (mancar). Isso ocorre por causa das dores que o cão sente ao pisar. É muito comum que conforme a doença evolua, o cão não consiga sustentar o peso, uma vez que os músculos glúteos e quadríceps tonam-se atrofiados. Outro sinal recorrente é o encurtamento dos membros, que são acometidos pelo problema ao longo do tempo.


Em um primeiro momento, o veterinário ortopedista irá realizar o exame de marcha (caminhar, correr), identificando o tipo de claudicação e o nível de dor no membro.


Na sequência, o cão poderá apresentar dor no exame de palpação, principalmente ao estender, abduzir ou rotacional a articulação.


À partir desse momento, o raio-x da região será solicitado pelo profissional, o que poderá confirmar o diagnóstico em duas projeções radiográficas (posição lateral e ventrodorsal).


Os sinais radiográficos serão evidentes, caso o osso já apresente radioluscência na região da cabeça do fêmur, com áreas irregulares e alargamento da articulação coxofemoral.

Caso o cão não receba o diagnóstico e não ocorra o tratamento necessário, é provável que ele não consiga mais se locomover e perca os movimentos do membro, tenha dificuldade em andar, correr, levantar e sustentar o peso. Além disso, o quadro irá evoluir para um doença articular degenerativa.


O tratamento de escolha é cirúrgica, e nesse caso, a cirurgia mais recomendada é a ressecção da cabeça e colo femoral. Assim, o tecido necrosado é eliminado, e posteriormente o espaço articular será preenchido pelo próprio corpo do animal com tecido fibroso.


Após a cirurgia, o cão deverá ser submetido ao repouso (restrição de espaço, evitar pular, subir escadas ou locais altos) e iniciar o protocolo de fisioterapia, com 15 dias após a cirurgia.


A fisioterapia nesse caso tem como principal objetivo manter a amplitude do movimento da articulação, fortalecer a musculatura (dos músculos glúteos e quadríceps), reduzir a inflamação e da dor, além disso, estimular o desenvolvimento do tecido fibroso.


A necrose asséptica da cabeça do fêmur acomete com mais frequência cães de pequeno porte, com idade entre 3 a 13 meses, sendo ainda uma afecção ainda sem causa completamente definida. Quando diagnosticada e tratada corretamente, os cães conseguem viver com qualidade de vida.


Referências bibliográficas


Lika, Erinda & Gjino, Paskal & Belegu, Majlinda & Duro, Sokol & Dimco, Elenica & Sherko, Esmeralda & Turmalaj, Luigj. (2012). Retrospective Study on the Treatment of Aseptic Necrosis of the Femoral Head in Dogs. Journal of Animal and Veterinary Advances. 11. 2930-2933. 10.3923/javaa.2012.2930.2933.


Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972), especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades. Agende uma consulta pelo whatsapp (11)91258-5102.

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