A displasia de cotovelo é uma condição ortopédica comum em cães, especialmente em raças grandes e gigantes, que pode causar dor e limitação de movimento. Identificar os sintomas precocemente é crucial para garantir que o cão receba o tratamento adequado e mantenha uma boa qualidade de vida.
A displasia de cotovelo envolve anormalidades no desenvolvimento das articulações do cotovelo, resultando em uma articulação instável e, frequentemente, degeneração da cartilagem.
Os sinais clínicos de displasia de cotovelo podem variar de sutis a severos e tendem a se manifestar entre os quatro e seis meses de idade, embora alguns cães possam não mostrar sintomas claros até mais tarde na vida. Os tutores de cães devem estar atentos a mudanças no comportamento e na mobilidade de seus animais, já que a detecção precoce pode fazer uma grande diferença no manejo da condição.
Um dos primeiros sinais de displasia de cotovelo é a claudicação, ou mancar, especialmente após o exercício. Os cães afetados podem inicialmente mostrar uma claudicação leve que pode ser intermitente, mas com o tempo, essa claudicação tende a se tornar mais persistente e evidente. O cão pode relutar em usar o membro afetado, preferindo descansar ou evitar atividades que envolvam correr, pular ou subir escadas. Em alguns casos, a claudicação pode ser mais pronunciada após períodos de descanso, especialmente após um sono prolongado, quando o cão se levanta e começa a se mover novamente.
A dor é outro sintoma significativo da displasia de cotovelo. Os cães podem demonstrar sensibilidade ou desconforto ao toque ou manipulação da área do cotovelo. É comum que os cães lambam ou mordisquem a articulação afetada como uma resposta à dor. Alguns cães podem se tornar irritadiços ou até agressivos se a área dolorida for tocada. Além disso, a dor pode levar o cão a mudar sua postura e maneira de andar, de modo a evitar colocar peso na articulação afetada, resultando em um andar anormal ou rígido.
A diminuição da amplitude de movimento é outro sintoma a ser observado. Cães com displasia de cotovelo podem ter dificuldade em dobrar ou estender completamente a articulação do cotovelo. Esse movimento limitado pode ser acompanhado por crepitação, um som ou sensação de "estalo" quando a articulação é movida, que é causado pelo atrito entre as superfícies articulares irregulares. A perda de massa muscular ao redor da articulação afetada também pode ocorrer devido à diminuição do uso da perna.
Os cães com displasia de cotovelo podem apresentar sinais de inchaço na área do cotovelo. Esse inchaço pode ser palpável e, em alguns casos, visível. A inflamação crônica pode causar uma aparência de aumento de volume ao redor da articulação afetada. Em casos avançados, a articulação pode desenvolver alterações osteoartríticas, o que pode ser detectado como um aumento no tamanho e na rigidez da articulação.
Outro sinal de displasia de cotovelo é a relutância em realizar certas atividades. Cães afetados podem evitar subir ou descer escadas, pular em móveis ou entrar e sair de carros. Eles também podem mostrar menos entusiasmo em brincar ou correr, preferindo atividades menos extenuantes. Essa mudança no nível de atividade pode ser gradual e facilmente confundida com um comportamento normal de envelhecimento, especialmente em cães mais velhos.
Para identificar corretamente a displasia de cotovelo, é importante que os donos de cães observem atentamente quaisquer mudanças sutis no comportamento e na mobilidade de seus animais.
Se qualquer um dos sintomas mencionados for notado, uma consulta veterinária é essencial. O veterinário pode realizar um exame físico detalhado e recomendar radiografias ou outros exames de imagem para avaliar a condição das articulações do cotovelo. Em alguns casos, a tomografia computadorizada (TC) podem ser necessárias para obter uma imagem mais detalhada da articulação e das estruturas envolvidas.
Além disso, a avaliação precoce e regular de raças predispostas à displasia de cotovelo pode ajudar na detecção e no manejo da condição antes que sintomas graves se desenvolvam.
Alguns criadores responsáveis realizam testes genéticos e de imagem para detectar sinais de displasia de cotovelo em filhotes, ajudando a minimizar a incidência da condição em futuras gerações.
Em resumo, a displasia de cotovelo é uma condição que pode ter um impacto significativo na vida de um cão, mas a identificação precoce e o tratamento adequado podem ajudar a mitigar os sintomas e melhorar a qualidade de vida do animal. Observação cuidadosa e atenção aos sinais sutis de desconforto ou mudanças na mobilidade são essenciais para garantir que os cães recebam o cuidado necessário para viverem confortavelmente e felizes.
Referências bibliográficas
Kirberger, Robert & Fourie, S.L.. (1998). Elbow dysplasia in the dog: Pathophysiology, diagnosis and control. Journal of the South African Veterinary Association. 69. 43-54. 10.4102/jsava.v69i2.814.
Sobre o autor
Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972), especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades. Agende uma consulta presencial ou consultoria on-line por vídeo pelo whatsapp (11)91258-5102.
Comments