Entesófitos em cães e gatos
- Felipe Garofallo
- 19 de jun. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 17 de fev.
Os entesófitos são formações ósseas anômalas que ocorrem nas estruturas ligamentares, tendíneas e capsulares das articulações. Essas formações ósseas são comumente observadas em cães e gatos, e a sua presença pode indicar a resposta adaptativa do organismo a condições biomecânicas alteradas ou processos degenerativos crônicos.

Os entesófitos geralmente se formam como resultado da tensão repetitiva ou da carga excessiva sobre as articulações e os tecidos periarticulares, levando a uma remodelação óssea.
Em cães, os entesófitos são frequentemente associados a doenças articulares degenerativas, como a osteoartrite. A osteoartrite é uma condição crônica e progressiva caracterizada pela degradação da cartilagem articular, inflamação sinovial e alterações ósseas subjacentes.
A formação de entesófitos nas margens articulares é uma tentativa do corpo de estabilizar a articulação afetada. Esses crescimentos ósseos podem ser detectados radiograficamente e são indicativos de estresse biomecânico prolongado.
Em cães, raças de grande porte, como Labrador Retrievers e Pastores Alemães, são particularmente predispostas ao desenvolvimento de osteoartrite e, consequentemente, de entesófitos devido ao seu peso e às exigências físicas elevadas.
Nos gatos, a incidência de entesófitos também está relacionada à osteoartrite, embora a condição seja menos frequentemente diagnosticada em felinos comparado aos cães. Isso se deve, em parte, à natureza mais reservada dos gatos, que tende a mascarar os sinais clínicos de dor e desconforto articular.
A formação de entesófitos em gatos pode ser um achado incidental durante exames radiográficos realizados por outras razões, como trauma ou avaliação de condições sistêmicas. A osteoartrite em gatos é comum em animais geriátricos, e raças como Maine Coon e Siamês podem apresentar maior susceptibilidade devido a predisposições genéticas.
O diagnóstico dos entesófitos é predominantemente baseado em exames de imagem, como radiografias e tomografias computadorizadas. As radiografias são a modalidade de imagem mais amplamente utilizada, permitindo a visualização de formações ósseas adicionais nas margens articulares e em áreas de inserção tendínea e ligamentar.
Em alguns casos, pode ser necessária a tomografia computadorizada para uma avaliação mais detalhada, especialmente em articulações complexas ou quando há suspeita de envolvimento de estruturas profundas.
O manejo dos entesófitos envolve a abordagem da condição subjacente que leva à sua formação. Em casos de osteoartrite, o tratamento pode incluir a administração de medicamentos anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) para controlar a dor e a inflamação, suplementação com condroprotetores como glucosamina e condroitina, e terapias físicas como fisioterapia e acupuntura para melhorar a mobilidade articular.
Em situações mais graves, onde os entesófitos causam dor significativa ou restrição funcional, a intervenção cirúrgica pode ser considerada para remover os crescimentos ósseos.
A prevenção da formação de entesófitos em cães e gatos envolve a manutenção de um peso corporal adequado, a promoção de um nível adequado de atividade física para manter a saúde articular e a implementação de medidas para evitar lesões articulares. Em cães de raças predispostas, como os de grande porte, a atenção cuidadosa à nutrição e ao exercício durante o crescimento pode ajudar a minimizar o risco de desenvolvimento de condições articulares degenerativas e, consequentemente, a formação de entesófitos.
Em resumo, os entesófitos em cães e gatos são indicadores de alterações biomecânicas crônicas e de condições articulares degenerativas, como a osteoartrite. O diagnóstico é principalmente radiográfico e o manejo envolve tanto o tratamento sintomático quanto a abordagem das causas subjacentes.
A prevenção é fundamental para minimizar a ocorrência dessas formações ósseas e melhorar a qualidade de vida dos animais afetados.
Referências bibliográficas
1. Bennett, D., & May, C. (1995). Joint disease of the dog and cat. *W.B. Saunders Company*.
2. Johnston, S.A. (1997). Osteoarthritis: Joint anatomy, physiology, and pathobiology. *Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice*, 27(4), 699-723.
Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico veterinário (CRMV/SP 39.972), especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades. Agende uma consulta pelo whatsapp (11)97522-5102.
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