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Foto do escritorFelipe Garofallo

Cultura e antibiograma em infecções de cães e gatos

A cultura e o antibiograma são ferramentas essenciais no diagnóstico e tratamento de infecções em cães e gatos. A cultura microbiológica envolve o cultivo de amostras biológicas em meios de crescimento específicos para isolar e identificar microrganismos patogênicos. Este processo é fundamental para determinar a causa exata da infecção, permitindo um tratamento direcionado e eficaz.


O antibiograma, por sua vez, é um teste que avalia a sensibilidade dos microrganismos isolados a diferentes antibióticos, auxiliando na escolha do medicamento mais adequado.


A coleta adequada de amostras é o primeiro passo no processo de cultura. Amostras podem ser obtidas de diferentes fontes, como sangue, urina, pus, secreções respiratórias, tecidos ou fluidos corporais, dependendo do local da infecção. A assepsia rigorosa é crucial durante a coleta para evitar a contaminação das amostras por microrganismos externos. Após a coleta, as amostras são transportadas para o laboratório de microbiologia em condições adequadas para garantir a viabilidade dos patógenos.


No laboratório, as amostras são inoculadas em meios de cultura apropriados, como ágar sangue, ágar chocolate, ou ágar MacConkey, dependendo do tipo de microrganismo suspeito. Os meios de cultura fornecem os nutrientes necessários para o crescimento bacteriano e, após um período de incubação, as colônias bacterianas podem ser isoladas e identificadas.


Métodos tradicionais de identificação incluem a observação das características morfológicas das colônias, coloração de Gram, e testes bioquímicos.


Após a identificação do patógeno, o antibiograma é realizado para determinar a suscetibilidade ou resistência das bactérias isoladas a vários antibióticos. Este teste envolve a exposição das bactérias a discos impregnados com diferentes antibióticos e a medição das zonas de inibição do crescimento bacteriano ao redor dos discos.


As zonas de inibição são comparadas com padrões estabelecidos para determinar se a bactéria é sensível, intermediária ou resistente a cada antibiótico testado. Este processo é essencial para selecionar um tratamento antimicrobiano eficaz, minimizando o uso indiscriminado de antibióticos e combatendo a resistência bacteriana.


A utilização de cultura e antibiograma é particularmente importante em infecções complicadas ou persistentes, onde o tratamento empírico inicial falhou. Em infecções recorrentes ou crônicas, a resistência bacteriana é uma preocupação crescente, tornando o diagnóstico preciso e a escolha adequada do antibiótico ainda mais críticos. Além disso, em ambientes clínicos onde infecções nosocomiais são uma preocupação, o uso dessas técnicas pode ajudar a identificar e controlar surtos de infecções resistentes.


Em infecções de pele, ouvido, trato urinário e respiratório, a cultura e o antibiograma são frequentemente utilizados para guiar o tratamento. Em casos de piodermite, por exemplo, é comum coletar amostras de lesões cutâneas para cultura, especialmente se a infecção não responder ao tratamento padrão. Infecções do trato urinário em cães e gatos também beneficiam do uso de cultura e antibiograma, permitindo a identificação do patógeno causador e a seleção do antibiótico mais eficaz, prevenindo recidivas e complicações.


O uso de cultura e antibiograma contribui significativamente para a prática da medicina veterinária baseada em evidências, promovendo um manejo mais preciso e racional das infecções.


Ao permitir a identificação específica dos agentes causadores e suas sensibilidades antimicrobianas, essas técnicas ajudam a reduzir o uso desnecessário de antibióticos, limitando o desenvolvimento de resistência e melhorando os resultados terapêuticos.


Referências bibliográficas


1. Weese, J. S., & Van Duijkeren, E. (2010). Methicillin-resistant Staphylococcus aureus and Staphylococcus pseudintermedius in veterinary medicine. Veterinary Microbiology, 140(3-4), 418-429.

2. Prescott, J. F., & Hanna, W. J. B. (2011). Antimicrobial susceptibility testing and antimicrobial use in dogs and cats. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, 41(6), 1091-1107.


Sobre o autor


Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972), especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades. Agende uma consulta presencial pelo whatsapp (11)91258-5102 ou uma consultoria on-line por vídeo.

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