Identificar se um cão está com dor pode ser um desafio, pois os cães, por natureza, tendem a mascarar sinais de fraqueza ou sofrimento. No entanto, com uma observação cuidadosa, é possível perceber mudanças no comportamento, postura, vocalização e outras manifestações físicas que podem indicar dor.
Um dos primeiros sinais de que um cão pode estar sentindo dor é uma mudança em seu comportamento geral.
Cães que normalmente são ativos e brincalhões podem tornar-se letárgicos, mostrar menos interesse em atividades que antes gostavam e até mesmo evitar interação com pessoas ou outros animais. Esse comportamento pode ser interpretado como um esforço do cão para economizar energia e evitar mais dor. Além disso, alguns cães podem se tornar irritadiços ou agressivos quando estão com dor, reagindo de maneira exagerada a toques ou proximidade.
A postura e o movimento do cão também podem fornecer pistas sobre a presença de dor. Um cão com dor pode assumir uma postura anormal, como curvar as costas, manter uma perna levantada ou evitar colocar peso em uma pata específica. Pode haver uma relutância em se mover ou, ao contrário, um movimento excessivo na tentativa de encontrar uma posição confortável. Rigidez, claudicação (mancar), e dificuldade em se levantar ou deitar também são sinais comuns.
A vocalização é outro indicador importante. Cães com dor podem gemer, chorar, rosnar ou latir sem um motivo aparente. Estes sons podem ocorrer especialmente quando a área dolorida é tocada ou durante movimentos que causam desconforto. Alguns cães, no entanto, podem se tornar anormalmente quietos, o que também pode ser um sinal de que algo não está bem.
Além dessas mudanças comportamentais, podem surgir sinais físicos evidentes. A área afetada pode apresentar inchaço, calor, vermelhidão ou uma ferida visível. O cão pode lamber, morder ou coçar compulsivamente uma área específica, tentando aliviar a dor ou desconforto. Mudanças no apetite ou na ingestão de água também podem ser um indicador, pois a dor pode levar à diminuição do apetite e à recusa de alimentos ou água.
Mudanças nas funções corporais também devem ser observadas. A dor pode levar a alterações nos padrões de sono, com o cão dormindo mais ou, ao contrário, tendo dificuldade para descansar devido ao desconforto. Problemas urinários ou intestinais, como dificuldades para urinar, defecar, ou mudanças na consistência das fezes, podem ser secundários à dor, especialmente se a área abdominal estiver envolvida.
A observação de todos esses sinais deve ser feita de maneira detalhada e com conhecimento do comportamento normal do cão. Qualquer mudança significativa no comportamento, postura, vocalização ou sinais físicos deve ser comunicada ao veterinário. Profissionais veterinários têm a habilidade e os recursos para realizar um exame clínico detalhado e, se necessário, utilizar técnicas diagnósticas adicionais, como radiografias, ultrassonografias ou exames laboratoriais, para identificar a causa da dor e desenvolver um plano de tratamento adequado.
Em resumo, identificar a dor em cães requer uma combinação de observação cuidadosa das mudanças comportamentais e físicas, conhecimento das características individuais do cão e a consulta com um veterinário para um diagnóstico e manejo apropriados. A comunicação eficaz entre o proprietário e o veterinário é crucial para garantir que o cão receba o alívio e o cuidado necessários.
Referências bibliográficas
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Sobre o autor
Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972), especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades. Agende uma consulta presencial pelo whatsapp (11)91258-5102 ou uma consultoria on-line por vídeo.
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